LITERACIA FINANCEIRA / DIGITAL  –  ARTIGO 3

LITERACIA FINANCEIRA / DIGITAL  –  ARTIGO 3

Paulo Ferreira, Colunista e Correspondente na Sertã

SEGUROS VIDA RISCO ( 1 )

–     PAPEL SOCIAL E SOLUÇÕES

–     SEGUROS LIGADOS AO CRÉDITO À HABITAÇÃO

Caro Leitor,

Vamos continuar a nossa “passagem” pela Literacia Financeira, desta vez com artigo dedicado aos seguros Vida Risco. Esta abordagem terá duas óticas, uma mais abrangente, destacando Planos de Proteção Pessoal (PPP) e Planos de Proteção Familiar (PPF) mais completos, e outra mais simples, focada essencialmente nos seguros associados ao crédito à habitação. Pela sua extensão, hoje apenas abordaremos a primeira ótica, relativa aos PPP e PPF, ficando a parte dos seguros ligados ao crédito à habitação para o próximo artigo a publicar dentro de 15 dias.

Para apresentarmos esta temática iremos então colocar algumas questões relevantes e sensíveis para todos, e de seguida, prestar também as respetivas respostas, que no fundo, são o mais esperado e o mais importante.

Assim, quando abordamos esta matéria, as questões em que todos pensamos passam naturalmente pelo seguinte:

.      Na nossa vida, quando ocorrem vários acontecimentos, quais as duas grandes áreas ( “blocos” ) onde os podemos “situar” ?

.     A que acontecimentos (eventos) nos estamos concretamente a referir em cada uma dessas áreas (“blocos”) ?

.     Que tipos de necessidades “despontam” ou são colocados por esses eventuais acontecimentos ?

.     Quais as soluções possíveis ( em termos de seguros ) para dar resposta a essas necessidades ?

.     Quais as garantias ( coberturas ) que compõem essas soluções ?

.     Como é que essas garantias dão resposta às necessidades anteriormente descritas ?

Agora, vamos então tentar dar a melhor resposta às questões colocadas.

ÁREAS

Na nossa vida, tudo o que ocorre, podemos colocar de uma forma geral em duas grandes áreas, que podemos designar de Previsibilidade e Imprevisibilidade.

Por Previsibilidade, e como a designação dá a entender, falamos dos acontecimentos / fases em que tudo corre de forma desejada, expectável e dentro do planeado, com os projetos (eventos) a ocorrerem de forma previsível e nas datas previstas ( “ certas “ ). Estamos a referir-nos ao ciclo de vida normal das pessoas e famílias ( nascimento  –  crescimento  –  estudos  –  curso  –  casamento  –  compra casa  –  filhos  –  estudo filhos   –  casamento filhos   –   envelhecimento  –  reforma  –  morte ).

Nestas circunstâncias, a resposta a dar em cada uma das etapas atrás enunciadas não passa clara e obviamente pelos Seguros Vida Risco mas sim por outras soluções de poupança e investimento disponíveis no Mercado, que podem e devem ser utilizadas para constituir um “ mealheiro “, de forma programada e faseada, e que na altura certa dê resposta às necessidades e ambições que cada fase ou projeto ( da vida pessoal e familiar ) contemplam.

Já quando nos referimos a Imprevisibilidade, a situação é muito mais sensível, os acontecimentos ocorrem ( ou podem ocorrer ) de forma súbita, inesperada, indesejada, …, e com um impacto por vezes “ dramático “. E se do ponto de vista emocional a dor é, por vezes, “irreparável” ( só o tempo ajuda a minimizar a sua dimensão ), do ponto de vista económico e financeiro há muito a prevenir, e é aí que os Seguros Vida Risco podem assumir um papel fundamental na vida das pessoas e das famílias.

Nas respostas às questões seguintes vamos dar “ saída “ a algumas dessas dúvidas e preocupações e à forma prática de as abordar.

ACONTECIMENTOS

Neste âmbito, e focando-nos apenas na tal área da Imprevisibilidade, onde todos os acontecimentos são muito mais sensíveis, pelo seu caráter súbito, inesperado e “ dramático “, falamos essencialmente de situações de falecimento inesperado, invalidez permanente indesejada, acidente súbito, desemprego involuntário, doença grave, hospitalização com ou sem cirurgia, incapacidade temporária, …, entre outras. Portanto, situações muito dolorosas, mas a que temos de dar particular atenção de forma a efetuar a prevenção possível.

NECESSIDADES

Os acontecimentos atrás descritos despoletam obviamente vários tipos de necessidades que devem ser obrigatoriamente satisfeitas e com uma resposta adequada. Estamos a falar, entre outras, da estabilidade financeira das famílias, da manutenção do seu nível de vida, da sua capacidade de assumir compromissos com terceiros ( seja no âmbito do empréstimo à habitação ou outro tipo de crédito ), da assistência na doença grave ( que pode exigir o acesso a especialistas e terapêuticas mais avançadas mas com custos muito elevados ), da possibilidade de dar continuidade a projetos familiares em curso ( conclusão estudos filhos, … ), … 

SOLUÇÕES

As possíveis soluções para preencher estas necessidades passam naturalmente pelos Seguros Vida Risco, a que daremos destaque, mas também pelos Seguros de Saúde, sobre os quais não nos debruçaremos neste artigo, e que atuam preferencialmente na assistência e prevenção na área da saúde.

GARANTIAS

No âmbito do Seguro Vida Risco, as garantias (ou coberturas) que podemos subscrever, entre outras, são as seguintes:

.   Morte:    Cobertura base obrigatória e similar em todo o Mercado

.   Invalidez:  Pela sua relevância e aplicação prática, abordaremos com maior detalhe esta garantia, e as suas especificidades, quando nos referirmos aos seguros ligados ao Crédito à Habitação

.   Reforço do capital em caso de acidente ( duplicação ou triplicação dos capitais  se o sinistro for motivado por acidente ):    Cobertura com um custo reduzido, com uma excelente relação qualidade vs preço, e que assegura um “conforto” adicional importante numa fase muito difícil e inesperada, pelo seu caráter súbito.

.    Doença Grave:     Existem múltiplas garantias de doenças graves no Mercado Português com distintas abrangências e custos muito variados.

.    Rendas orfandade

.    Rendas viuvez … 

RESPOSTA ÀS NECESSIDADES

.     Capital por Morte:     Por falecimento da pessoa segura, motivado por doença ou acidente, é liquidado o capital contratado que visa essencialmente dar um forte “ contributo “ para a estabilidade económica da família, para a manutenção do seu nível de vida e para assegurar eventuais compromissos com terceiros, seja no âmbito do crédito à habitação ou noutro tipo de responsabilidade. Pode também permitir a continuidade ( e conclusão ) de projetos em curso, como estudos dos filhos ou outros. Nestas circunstâncias “ dramáticas “, e não sendo possível reparar a dor e os danos morais, é importante permitir que a família, num espaço temporal alargado que facilite de forma gradual a adaptação a uma nova realidade, se possa restruturar, reorganizar e retomar a “ normalidade” , na medida do possível.

.    Capital por Invalidez:    O objetivo desta garantia, em termos do preenchimento de necessidades, é similar à anterior. Contudo, a presente cobertura “atua” ainda em vida da pessoa segura, embora numa situação de grande fragilidade, dada a sua incapacidade para trabalhar, e por via disso, a quebra muito acentuada dos rendimentos económicos.

.    Reforço do capital em caso de acidente:     Caso os sinistros ( Morte ou Invalidez ) sejam motivados por acidente, este reforço de capitais confere um “conforto” adicional significativo, permitindo uma resposta mais eficaz às necessidades referenciadas, principalmente num momento muito sensível que não é possível prevenir ou antecipar com alguma preparação.

.    Capital por Doença Grave:     Este capital visa essencialmente a assistência adequada na Doença Grave, permitindo o acesso a especialistas e terapêuticas avançadas, eventualmente no estrangeiro, as quais geralmente envolvem custos elevadíssimos e inacessíveis sem este tipo de apoio ou suporte.

.     Rendas viuvez / orfandade  / …:     Estas garantias que asseguram pagamentos mensais com caráter periódico ( durante alguns anos ), têm como principal objetivo dar resposta a projetos (“sonhos”) temporários, como finalização de cursos, mestrados, …, entre outros, que poderiam ficar em risco pela perca do principal suporte económico da família. Mais uma vez a “normalidade” deve ser mantida no percurso regular das famílias.

Ainda neste âmbito dos Planos de Proteção Pessoal ( PPP ) e Planos de Proteção Familiar ( PPF ), fornecemos algumas instruções ( “ dicas “ ) práticas  que consideramos úteis:

.    Seguro sobre 2 cabeças ( pessoas ):       Tratando-se de um casal ( preferencialmente com filhos ), é importante, sempre que possível, celebrar seguro sobre a vida de 2 pessoas ( casal ), para prevenir situações (fatalidades) que afetem uma ou outra pessoa. Caso não seja viável, por motivos económicos ou outros, a pessoa segura deve ser o “chefe” de família, entenda-se, principal suporte económico do agregado familiar, que é a pessoa cuja ausência ( ou incapacidade para trabalhar ) mais afetaria a estabilidade económica da família.

.     Nível de coberturas:      idealmente deve ser o mais completo possível, garantindo um maior nível de proteção pessoal e familiar e uma resposta mais adequada às necessidades. Mas obviamente que estas pretensões terão de ser conciliadas com o poder de compra familiar.

Neste âmbito, sabemos que existe uma ideia algo errada de que os Seguros Vida Risco têm um custo elevado e inacessível à maioria das pessoas e famílias, mas tal não corresponde à realidade. É importante destacar que os Seguros Vida Risco apresentam atualmente um custo muito mais acessível que o verificado alguns anos ou décadas atrás. A utilização de tábuas de mortalidade mais recentes reflete uma esperança de vida mais atualizada e superior, o que torna os custos dos seguros muito mais reduzidos e competitivos.

Será importante solicitar simulações de várias Seguradoras credíveis e competitivas no mercado português para obter uma proposta ajustada ao pretendido. Mas dependendo obviamente de vários fatores ( idades, capitais seguros, nível de garantias, … ), que terão de ser ajustados caso a caso, por valores mensais na ordem dos 10 a 20€ será provável obter uma solução interessante, equilibrada e consistente para um seguro Vida Risco.

.     Capital Seguro:       Cremos que uma regra equilibrada e sensata, se o poder de compra familiar assim o permitir, deverá apontar para um capital seguro ( em caso de Morte ou Invalidez ) na ordem dos 3 a 4 vezes o rendimento anual do agregado familiar. Desta forma, em caso de fatalidade, a família tem um espaço temporal alargado, em que o seu rendimento económico é assegurado, permitindo, de forma gradual, a adaptação a uma nova realidade com alguma segurança, retomando a “normalidade” possível.

O artigo já vai extenso e hoje ficaremos por aqui. Como referenciado anteriormente, no próximo artigo daremos continuidade a este tema, terminando o capítulo dos Seguros Vida Risco, e com especial foco nos seguros ligados ao Crédito à Habitação e suas especificidades.

Caro Leitor, aguarde pelas “ cenas dos próximos capítulos “. Até breve …

* Pode rever ou ver e ler os dois artigos anteriores neste link abaixo.

https://jornaldeoleiros.sapo.pt/2024/02/26/serta/literacia-financeira-digital-artigo-1.html

 

 

Sobre Jornal de Oleiros

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