Crónica da Invasão da Ucrânia
. Catorze meses de unidade europeia
5 de abril de 2023
Vivemos horas históricas.
O continente europeu é, historicamente, uma zona de divisão e violência internas. Fronteiras geográficas, neutralidades duvidosas, guerras violentas, nada disso é surpresa. Mas ver a Europa ocidental e central e do leste a formar uma coligação contra o regime de Putin, uma coligação já com mais de treze meses e que se reforça em cada dia, isso é novidade. Na verdade, é mais que novidade. É um milagre político. Quem pensaria há um ano atrás que a pesada maquinaria de Bruxelas, os governantes das díspares nações europeias não só permaneceriam unidos mas iriam reforçar?
Nesta semana de Abril, a Europa afirmou a sua posição muito claramente.
Os primeiros tanques a chegar à Ucrânia em fins de Março entre os quais foram alemães, portugueses, espanhóis e ingleses. Poucos, mas significativos. O fluxo de material de guerra para a Ucrânia continua em bom ritmo, a tempo de preparar a contraofensiva da Primavera.
A NATO acolheu oficialmente a Finlândia como membro e em breve se seguirá a Suécia, após mais alguns trocos para as forças de bloqueio. Os atos agressivos de Putin e a sua chantagem com a Europa ficaram desmascarados com a coragem demonstrada pelos Finlandeses que agora veem duplicar a fronteira da NATO com o regime de Kremlin.
A Turquia, depois do infausto terremoto sofrido, deixou de poder jogar dos dois lados da guerra; as capacidades de Erdogan parecem inteiramente absorvidas em sobreviver às fragilidades que a calamidade revelou e pelas eleições que enfrentará em 14 de Maio contra uma oposição aguerrida e unida em torno de Kemal Kiliçdaroglu. Os vinte anos no poder desde 2003 começam a pesar a Erdogan.
Embora sejam os EUA a contribuir com a parte de leão das ajudas militares à Ucrânia, não são os norte-americanos que estão a pilotar os apoios, até porque não são eles que sentem a ameaça existencial. São os europeus que estão a fazer o que é melhor para a Europa. Desde os tempos napoleónicos que não víamos uma tão grande coligação contra uma potência imperial, que está agora a acordar estremunhadas do seu sonho imperialista.
Hoje mesmo, ficámos a saber que a declaração sobre “amizade sem limites” entre Moscovo e Pequim nada mais é do que um dispositivo retórico, – segundo o embaixador da China na EU, Fu Tsung.
Pequim não apoia a operação militar na Ucrânia, não reconhece a Crimeia como russa, assim como outros territórios ocupados. Só não condena a operação militar porque considera haver motivos de preocupação.
As revelações do embaixador chinês não surpreendem assim tanto, se pensarmos que a China é o país que mais tem a perder com a derrota russa. A pressão de Macron e Von der Leyen em visita de três dias na China ajuda a colocar os dirigentes chineses perante as suas ambiguidades.
Amanhã é outro dia!
- Mendo Henriques, Colunista do Jornal de Oleiros
“Amanhã é Outro Dia” e que seja de renovadas Esperanças para todos Nós!
Parabéns pelas Crónicas!
Parabéns Jornal de Oleiros!