A importância do Geocaching nos Territórios Rurais (Distrito de Castelo Branco)

A importância do Geocaching nos Territórios Rurais

. O Concelho de Vila Velha de Ródão

Terras de belezas que o envaidecem e de saberes que o distinguem, este é o concelho de Vila Velha de Ródão!

Do Tejo cuja grandiosidade enobrece, às Portas de Ródão que esculpem o nosso olhar, das mais secretas Portas do Almourão talhadas pelo Ocresa, ao conjunto patrimonial que engloba o Castelo do Rei Wamba, a Capela da Nossa Senhora do Castelo e uma magnifica zona envolvente, ao património arqueológico, ao horizonte do miradouro do Penedo Gordo, não esquecendo a tipicidade solitária das pequenas aldeias rurais, nem a frescura viva dos ribeiros, Ródão cativa e apaixona aqueles que o visitam.

As Portas de Ródão, imponente garganta escavada pelo Rio Tejo, classificadas como Monumento Natural, através de Projeto de Decreto Regulamentar n.º 7/2009, de 20 de Maio, são caracterizadas por um património natural e histórico incalculável. Como escreveu Graça Batista, no legado literário que nos apresenta em Viagens do Olhar (CMCD, 2001), numa visão plena de paixão e de conhecimento sobre o concelho, ” Em Vila Velha de Ródão a Natureza impõe-se ao Homem e surpreende-o pelo vigor das suas formas agrestes e voluptuosas, berço de pedra onde o Tejo se deita “.

As potencialidades do concelho não se reportam apenas à beleza paisagística. Compõem-na igualmente os produtos e artes locais, cujos sabores e saberes se enraízam na tradição de um passado por vezes longínquo, garantindo o perpetuar de paladares de outros tempos.

Recentemente, paixão, ousadia e determinação estiveram na base do projeto vitivinícola Adega 23, nascido de raiz em Sarnadas de Ródão, num terroir feito de solos de xisto com afloramentos quartzíticos, que produz um vinho que marca pela elegância, carácter e autenticidade e que surpreenda pela riqueza de aromas e sabores.

No que aos sabores diz respeito, merece igualmente destaque a criação da marca Terras de Oiro que veio responder a uma necessidade há muito sentida para promover e divulgar, a nível nacional e internacional, os produtos locais.

A valorização dos concelhos rurais depende de cada um de nós, do orgulho na defesa do interior e na simplicidade e genuinidade dos gestos. Quero por isso felicitar o Jornal de Oleiros pelo empenho e determinação que coloca no seu trabalho e pela enorme vontade de continuar a divulgar territórios tantas vezes desconhecidos.

O Castelo de Ródão, Castelo do Rei Wamba, inspirou o título da notícia, “A importância do Geocaching nos Territórios Rurais”.

O Geocaching é um jogo, “caça ao tesouro”, praticado no Mundo com recurso ao GPS (“Sistema de Posicionamento Global”), que tem como objetivo encontrar geocaches/caches (“tesouros”) escondidas em determinados locais e consubstancia-se numa oportunidade de relevância para descobrir e promover os territórios onde se desenvolve.

O “primeiro tesouro” com recurso ao GPS foi escondido em 3/5/2000 mas o Geocaching rapidamente se tornou popular em todo o Mundo. No início do Janeiro de 2023 encontravam-se ativas 3.363.001 caches no Mundo, 53.266 caches em Portugal e 2.376 caches no Distrito de Castelo Branco(*)

(*) Fonte: www.geocaching.com e www.geo.pt.org

Castelo de Ródão, Castelo do Rei Wamba”, é um “tesourinho” escondido por mim em 16/03/2009 e até ao momento foi procurado por 749 praticantes do jogo. Mais informações em:

https://www.geocaching.com/geocache/GC1NRAR_castelo-de-rodao-castelo-do-rei-wamba

Em cada visita é feita um registo e a maioria enche-nos de orgulho, cito um comentário dos muitos que me cativaram:

“15h da tarde! Grifos no ar! As Portas de Rodão ali mesmo em frente!
E sentimo-nos Reis. Percebemos que aquela aparentemente pequena torre de vigia se torna o maior castelo de qualquer conto de fadas, quando a Natureza nos presenteia com aquela paisagem.

Portas do Ródão (foto do site da CMVVR)

Adorámos conhecer a lenda do Rei Wamba, embora a Rainha tenha tido um final pouco feliz, depois de lutar pelo seu amor.

Mas é de facto um lindo lugar…Tivemos o privilégio de ver aquelas aves, quase que a pavonearem-se vaidosas, para quem estava no miradouro.

Era uma falha, enorme, não conhecer esta beleza do nosso país!

Obrigado ao owner por nos trazer até aqui e partilhar connosco esta excelente vista!!”

O Castelo do Rei Wamba

Castelo do Rei Wamba

 

Esta estrutura militar situa-se no topo da escarpa do lado norte das Portas de Ródão e proporciona uma panorâmica singular que confere paisagens indescritíveis, acrescendo ainda o facto de permitir observar importantes formações vegetais e espécies protegidas de aves que nidificam nas escarpas das Portas de Ródão como o bufo real, o milhafre real, o abutre-preto, a cegonha negra e os grifos e que habitualmente sobrevoam esta área.

O castelo tal como hoje se apresenta é o produto de sucessivas reconstruções … É possível conjeturar a sua existência até pelo menos ao século XII, integrada na Açafa, um território doada por D. Sancho I à Ordem do Templo, em 1199, embora se admita uma fundação anterior ainda em época medieval (Poderá ter existido na área um povoado proto-histórico. PROENÇA JÚNIOR (1910) refere a existência de um “castro luso-romano” por cima das Portas de Ródão.

A toponímia local regista o sítio do Castelo Velho num pico de crista localizado cerca de 380m a noroeste do castelo. Visitámos o local mas ainda não encontrámos, à superfície, artefactos que confirmem aquela hipótese).

A avaliar pelas suas características e localização teria funcionado como atalaia ou torre de vigia, em articulação com uma fortaleza principal (NUNES, 1982). Uma torre de vigia, mais complexa do que as comuns, possuindo, inclusivamente, uma linha de muralhas a rodeá-la por completo e oferecendo condições de alojamento para uma pequena guarnição.

A partir dos tempos modernos o Castelo viria a ser utilizado, em particular no séculos XVIII e XIX, como base de artilharia, tendo em vista impedir a passagem do Tejo, de norte para sul e,

consequentemente, a entrada no Alentejo, de acordo com uma rota de invasão através da Beira Baixa. Foi o que sucedeu durante a Guerra dos Sete Anos e na 1ª Invasão Francesa.

Durante a Guerra dos Sete Anos, nos meados do Séc. XVIII, o Castelo de Ródão foi palco de movimentos militares onde estiveram em oposiçãotropas luso-britânicas e hispano-francesas.

Este local viria a assumir renovada importância no âmbito da estratégia de defesa nacional, com a reconstrução do castelo alguns anos antes da 1ª Invasão Francesa (SANTOS, 1977) –   (Caninas, Henriques, Gouveia, O Castelo de Ródão e a Capela da Senhora do Castelo, VVR,1997).

A última obra de recuperação do castelo no passado pensa-se que tenha ocorrido no início do século XIX, por ordem do Marquês de Alorna.

Em 1998 a CMVVR, com a coordenação da AEAT e a colaboração de outras entidades lançaram o projeto VAMBA – projeto de Valorização do Castelo do Castelo de Ródão, da Capela da Nossa Senhora do Castelo e da envolvente, ficando o projeto de consolidação e reabilitação da torre e muralhas e de recuperação da Capela a cargo da DREMC. A intervenção no seu todo bem como as sucessivas intervenções tem contribuído, sem dúvida, para a divulgação deste importante legado patrimonial.

A Lenda do Rei Wamba

As Portas de Ródão ocupam também um espaço importante no imaginário local… A mais notável é a lenda do rei Wamba ou Maldição de Ródão…

A lenda fala do amor adúltero de uma rainha cristã (uma vezes identificada como mulher do rei

Wamba, outras como princesa Urraca), que vivia no Castelo de Ródão, com um rei mouro residente do outro lado do rio… Diz a lenda que se namoravam sentados em cadeiras de pedra situadas num e noutro lado das Portas, enquanto o rei cristão andava na caça ou na guerra. Diz-se ainda que o rei mouro decidiu raptar a rainha cristã. Com esse fim escavou um túnel, com início no Buraco da Faíopa (mina antiga situada na encosta ocidental da serra de São Miguel), para passar por baixo do rio. Mas falhou o propósito e o túnel (que não existe) terminou a grande altitude, no morro sul das Portas de Ródão, onde existe uma cavidade a que chamam Buraca da Moura.

O rei mouro acabou por fugir com a amante que atravessou o rio sobre uma teia de linho.

Segundo a lenda, o Rei Wamba conseguiu raptar a mulher. Esta foi julgada em tribunal familiar que a condenou à morte por despenhamento presa a uma mó. Na queda a rainha lançou a seguinte maldição sobre Ródão: “nesta terra não haverá cavalos de regalo, nem padres se ordenarão e p… não faltarão”.

Por onde a rainha passou, arrastada pela mó, jamais nasceu mato. (Caninas, Henriques, Gouveia, O Castelo de Ródão e a Capela da Senhora do Castelo, VVR, 1997).

Capela de Nossa Senhora do Castelo

Desafio os leitores a juntarem-se a este propósito na divulgação dos seus Concelhos!

Edite Candeias

  • Colunista Convidada, é Licenciada pela Universidade de Aveiro, com pós graduação nas áreas do Urbanismo, Ambiente e Ordenamento do território pela FDUC e pela UCP, exerceu 8 anos de funções de Vereadora em Vila Velha de Ródão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre Jornal de Oleiros

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4 Responses to A importância do Geocaching nos Territórios Rurais (Distrito de Castelo Branco)

  1. Edite diz:

    Amigo Paulino,
    Muitos Parabéns pelo seu empenho no Jornal de Oleiros. São gestos de Louvar e que só pessoas empenhadas têm a capacidade de concretizar!
    Espero que tenha gostado da apresentação do Concelho de Vila Velha de Ródão!
    Bem Haja!!

  2. Rita diz:

    Uma apresentação fantástica do Concelho de Vila Velha de Ródão com as majestosas Portas à guarda da Torre de Menagem.
    Parabéns pela divulgação!

Os comentários estão fechados.