Falemos da nossa Saúde
Cartões de saúde e Seguros de saúde
- Paulo Jorge Moreira Ferreira, Correspondente na Sertã
Algumas semelhanças … mas simultaneamente muitas diferenças
O que são ? O que os caracteriza ? O que os distingue ?
No seguimento do artigo do passado dia 23 de março ( SNS – Uma sigla mas vários significados ), e como aí referido e prometido, apresento agora uma comunicação complementar, abordando a temática específica dos Seguros de Saúde e Cartões de Saúde, que creio interessar à maioria dos leitores.
A mesma pretende apresentar uma vertente duplamente pedagógica. Para quem já possui algum destes instrumentos, facultar algumas “ dicas “ que permitam um melhor domínio dos mesmos e uma utilização mais eficiente. Relativamente às pessoas que ainda não os subscreveram, fornecer também alguns argumentos relevantes que permitam a devida ponderação e o adequado suporte na possível decisão de aquisição.
Estamos a falar do nosso “BEM” mais precioso, a SAÚDE.
- Cartões de saúde
Como o nome indica, trata-se de um mero cartão, com um custo mensal económico, que proporciona o acesso a uma rede de prestadores clínicos a preços mais favoráveis que os custos normais do mercado privado. Na “gíria” costumam designar-se “ cartões de desconto”.
Múltiplos cartões permitem ainda o acesso a uma rede complementar de saúde e bem estar, a preços favoráveis, o que pode incluir descontos em farmácias, óticas, health clubs, termas, estética, …, ou seja, quer questões clínicas não enquadráveis nos seguros de saúde quer situações de conforto e bem estar habituais e inseridas no estilo de vida atual.
Quais os aspetos a analisar antes da sua possível aquisição ?
– Custo, que geralmente se situa em parâmetros acessíveis ( menos de 10 € / mês por pessoa ).
– Qualidade e abrangência da rede convencionada de prestadores clínicos, para assegurar que perto da área de residência, existem clínicas (em quantidade e qualidade) com as especialidades a que provavelmente será necessário recorrer.
– Qualidade e abrangência da rede de saúde e bem estar, quer ao nível das entidades que compôem a rede quer dos serviços disponíveis nas mesmas e respetivos custos.
– Valores que ficarão a cargo do Cliente em cada ato médico (consultas, tratamentos, análises, … ), para garantir que o “investimento” se justifica, e que são suportáveis pelo orçamento pessoal ou familiar.
Para além da análise dos tópicos atrás referenciados, cuja competitividade poderá variar de cartão para cartão, o grande “calcanhar de Aquiles” deste tipo de instrumento situa-se na área do grande risco, destacando-se pela negativa, em relação aos seguros de saúde. O que é que se pretende afirmar com isto ?
Que numa situação de maior gravidade (internamento prolongado, doença grave, cirurgia delicada, … ), cujo custo normal represente, por exemplo, cerca de 10.000 €, mesmo utilizando o cartão de desconto, o valor a suportar pelo Cliente rondará ainda 6 ou 7 milhares de euros, o que será certamente incomportável para a grande maioria das famílias.
Em resumo, trata-se de uma solução económica, com uma resposta razoável na assistência médica regular, mas que no “momento da verdade”, não responde de forma adequada, podendo revelar-se insuficiente para fazer face às necessidades de proteção das famílias na área da saúde.
- Seguros de saúde
Como é do conhecimento generalizado, os Seguros de Saúde repartem-se atualmente em seguros de reembolso, rede e mistos. Os mais frequentes são os mistos, embora nos mesmos, a componente de acesso à rede seja a mais relevante, visto que a vertente reembolso tem vindo a perder um peso significativo no Mercado.
Efetuando agora uma breve “passagem” pelos Seguros de Saúde disponibilizados a todas as famílias, e cuja escolha / subscrição depende das suas necessidades e do seu poder de compra, vamos começar por uma breve análise dos vários tipos de garantias disponíveis, suas especificidades e aplicabilidade.
Repartiremos esta análise em 3 blocos ( Hospitalização , Ambulatório e Outros ), e depois, em função disso, também serão estruturadas 3 tipos de soluções de Seguros de Saúde ( completo, intermédio e outro ), com indicação de algumas sugestões práticas que possam contribuir para a decisão mais adequada por parte dos possíveis subscritores.
Garantias mais frequentes:
- Hospitalização
É o “esqueleto” principal de um Seguro de Saúde, o “ grande risco” e a resposta adequada nas situações de maior gravidade (internamento prolongado, doença grave, cirurgia, … ). Deve claramente existir a preocupação na subscrição de um capital elevado, que salvaguarde de forma eficiente as situações de maior delicadeza, até por não se tratar de uma cobertura muito cara. Estamos a falar de risco (grande risco), que é possível mutualizar de forma consistente numa carteira grande e madura.
- Ambulatório
Trata-se da 2ª cobertura mais importante e subscrita, que complementa de forma adequada a garantia de Hospitalização, e permite a assistência médica nas situações mais frequentes do dia a dia (consultas, análises, tratamentos, exames auxiliares de diagnóstico, …). Com um capital adequado e com o acesso a uma rede abrangente de prestadores, o Cliente liquida apenas co-pagamentos geralmente equilibrados e suportáveis.
- Outras ( Estomatologia, Medicamentos, Próteses e Ortóteses, … )
Esta área designa-se habitualmente por “consumo”. Geralmente revela-se pouco interessante quer para as seguradoras, devido à sua elevada sinistralidade ( “ consumo “ ), quer para os Clientes porque se trata de coberturas caras, cujo prémio (custo) se aproxima do plafond disponível, que muitas vezes é esgotado. Não se trata claramente da área mais relevante no âmbito dos seguros de saúde, embora o cidadão comum nem sempre concorde com esta visão.
Traduzindo isto agora em opções concretas de Seguros de Saúde a subscrever pelos potenciais subscritores, diríamos que existem três grandes “pilares”:
- Seguro completo
Abrange a generalidade das coberturas possíveis, com capitais muito elevados, …, o que permite uma resposta muito eficiente às necessidades pessoais e familiares na área da saúde.
Trata-se da solução ideal para os Clientes mais exigentes e com um poder de compra elevado, o que infelizmente se aplica a uma percentagem pouco significativa das pessoas.
- Seguro intermédio
Trata-se da opção mais subscrita, reúne as garantias de Hospitalização e Ambulatório, geralmente representa uma relação qualidade / preço muito equilibrada, e revela-se também acessível a uma parte significativa dos potenciais Clientes. Em termos do preenchimento das necessidades das pessoas, que é o mais importante, concilia bem o Grande Risco (proteção adequada nas situações de maior gravidade) com a assistência médica necessária no dia a dia, quer numa ótica curativa quer num plano preventivo.
- Seguro Hospitalização (com possibilidade de acesso à rede noutras especialidades a preços favoráveis )
Apesar de parecer, numa primeira análise, uma solução algo limitada, releva-se muito consistente, completa e acessível em termos económicos.
Concilia o grande risco (proteção na situação grave / “paz espírito”), já que em situação de maior delicadeza dá uma resposta eficiente, com a possível utilização do cartão, que permite o acesso a rede de clinicas e especialistas, a preços equilibrados e suportáveis.
Podemos dizer que se trata de um CARTÃO ESPECIAL DE SAÚDE, mas com a grande mais valia do GRANDE RISCO. Em tempos de dificuldades económicas, trata-se claramente de uma boa solução que concilia de forma adequada, proteção na situação grave, assistência médica no dia a dia, serviço e poder de compra dos cidadãos.
Não pode custar somente os 6 € / 7 € mensais de um simples cartão de saúde, mas com um custo suportável ( cerca do dobro dos valores indicados por pessoa), e para escalões etários até aos 50 anos, já é possível contratar uma solução deste tipo.
Esperamos e desejamos que esta reflexão e comunicação possa ter a sua utilidade na utilização e decisão destes instrumentos de proteção social cada vez mais solicitados e subscritos pelos Portugueses. Cerca de 40% da população portuguesa já os contratou e valoriza muito no seu dia a dia.
Muito esclarecedor e muito útil para que cada pessoa possa escolher o que mais se adequa ao seu perfil. Obrigada!
Obrigado por nos ler.
Muito obrigado D. Aida pela sua atenção. O objetivo foi exatamente esse, contribuir de uma forma pedagógica para a reflexão, esclarecimento e apoio na decisão aos leitores que estejam a ponderar a sua subscrição. Mais uma vez obrigado pela sua disponibilidade e sentido crítico