(XCIII) – Crónica da Invasão da Ucrânia – O Terror de Moscovo

( XCIII) – Crónica da Invasão da Ucrânia
O Terror de Moscovo
. 24 DE MARÇO de 2024
A 22 de Março, ocorreu um terrível ataque terrorista em Crocus, nos
arredores de Moscovo do qual o Estado Islâmico assumiu a responsabilidade.
Mais cedo nesse dia, o Kremlin designou como “terroristas” as
organizações LGBT internacionais e continuou a bombardear ucranianos. São
estes os inimigos escolhidos por Putin, e nada têm a ver com as ameaças reais
aos russos.
Rússia e Estado Islâmico (ISIS) estão, desde há muito, em conflito. A
Rússia bombardeia a Síria desde 2015. Competem por território e recursos em
África. O Estado Islâmico atacou a embaixada russa em Cabul. O horror de
Crocus nada tem a ver com gays ou ucranianos ou outro inimigo preferido de
Putin.
Os Estados Unidos alertaram a Rússia sobre um ataque iminente
conforme o “dever de alertar”, transmitindo informações sobre eventuais
ataques terroristas mesmo a estados hostis, incluindo o Irão e a Rússia. Putin
optou por troçar dos Estados Unidos em público três dias antes do ataque.
Como pode um ataque terrorista ter sucesso dentro da Rússia, Estado
policial? A resposta é que o Kremlin dedica-se a combater falsas ameaças,
para desviar as atenções da repressão interna.
Mas se os russos perceberem que as falsas ameaças, criadas por Putin,
são perigosas? E se compreenderem que não são protegidos das ameaças
reais pelo aparelho de segurança russo, dedicado à destruição da nação e do
Estado ucranianos? E se a obsessão de Putin com a Ucrânia só piorou a vida
dos russos?
Nos media russos, Putin veio alegar que os suspeitos do ato terrorista se
dirigiam para uma "janela", aberta na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia.
O termo “janela” é o jargão da KGB ( como era Putin) para um local onde
a fronteira foi libertada para uma travessia secreta. Será que os terroristas
tinham confederados russos a preparar a saída? Presumivelmente não queria
dizer. Parece.
A ideia de terroristas em fuga para a Ucrânia é estúpida. A Rússia tem
30.000 quilómetros de fronteira. A parcela russo-ucraniana está coberta por
militares e forças de segurança russos. Do lado ucraniano, está fortemente

minado.

É um local de combate ativo. É o último lugar que um terrorista em
fuga escolheria.
A Rússia afirma ter detido suspeitos em Bryansk, na direcção da
Bielorrússia, e estão a ser torturados, com o objectivo de “forçar” alguma
ligação com a Ucrânia.

O Kremlin instruiu os media russa para enfatizar
possíveis elementos ucranianos na história. A ideia é lançar lixo nos media,
inclusive os internacionais, e ver se alguma coisa funciona.
Como resultado, temos uma discussão bizarra.

O ISIS publica vídeos terríveis para recrutar futuros assassinos (não partilhe)
(não veja).
A Rússia não pode negar isto diretamente, mas procura colocar a Ucrânia em cena e esta
mentira descarada leva outros a partilhar vídeos de perpetração do Estado
Islâmico.
Na guerra de agressão, a Rússia continua a raptar crianças ucranianas
para as assimilar e continua a torturar ucranianos em campos de concentração.
Continua a enviar bombas planadoras, drones, mísseis de cruzeiro e foguetes
contra vilas e cidades ucranianas. No mesmo dia do ataque a Crocus, a Rússia
realizou o seu maior ataque até à data à rede energética ucraniana (
Zaporizhzhia) e disparou um total de 88 mísseis e 63 drones contra a Ucrânia.
Como lapidarmente afirmou Vladimir Kara-Murza, agressão interna e
agressão externa são duas faces da mesma moeda. Putin é responsável pelas
perseguições dentro da Rússia e é o culpado pela guerra na Ucrânia. Como
sempre tenta transformar dois erros em um acerto: o direito de definir a
realidade como quer, o que significa o direito de matar quem quer.
Amanhã é outro dia!

* Mendo Henriques, Colunista do Jornal de Oleiros

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