Ler e interpretar rótulos de alimentos
Para bem da sua saúde …
A saúde é o nosso BEM mais precioso.
- Por Paulo Ferreira, Correspondente do Jornal de Oleiros na Sertã
Um estado saudável gera motivação, energia e bem estar, com todo o impacto positivo que tal provoca na qualidade de vida das pessoas.
Sabemos que existem prazeres, vícios, maus hábitos, …, que condicionam e limitam esta situação. De facto assim é, a gestão da saúde tem claramente um caráter individualizado, as escolhas e objetivos são pessoais e assumidos por cada um de nós, o que deve ser respeitado.
Contudo, o acesso a informação atualizada, rigorosa, prática e com caráter científico é importante para quem pretenda posicionar o foco no sentido correto, colocando um maior rigor na sua alimentação e dando máxima prioridade à sua saúde.
Efetuada esta introdução, gostaríamos de destacar a realização de mais uma sessão no âmbito da iniciativa “ Uma Biblioteca com Saúde “. A mesma decorreu no passado sábado (dia 27.01), pelas 15 horas, na Biblioteca Municipal Padre Manuel Antunes na Sertã e teve o tema “ Saber ler e interpretar os rótulos para ter mais saúde “.
Esta ação, muito participada e com um forte cariz prático, foi monitorizada de forma dinâmica e pedagógica por Vânia Costa, nutricionista, especialista em Literacia na Saúde no Ispa-Instituto Universitário e professora adjunta na Licenciatura em Dietética e Nutrição na ESTeSL – IPL.
Assim, e com base em várias embalagens de distintos produtos distribuídas pelos participantes, passámos então a discutir e analisar em detalhe o “Bilhete de Identidade“ ( RÓTULO ) dos produtos, que deverá ser composto pelos seguintes 5 elementos:
- NOME, que deve ser explícito.
- LISTA INGREDIENTES, onde constam as componentes habituais conhecidas, consoante cada produto ( exemplos: farinha de trigo, leite, açúcar, sal, corantes, conservantes, …, e outros )
Aspetos “ curiosos “ a ter em atenção neste âmbito:
– AÇÚCAR: Pode aparecer de forma explícita, mas variadas vezes aparece “ disfarçado” com outras denominações aparentemente mais saudáveis ( exemplos: glucose, mel, xarope de glicose, sacarose, frutose, … ). Existem cerca de 50 formas de “ mascarar “ o ingrediente açúcar, o que exige uma atenção especial. Devemos estar atentos para saber efetivamente o que compramos …
– Particular atenção à quantidade de CORANTES e CONSERVANTES. Uma quantidade excessiva faz com que a classificação de certos produtos passe de Processado para Ultra-Processado ( “ quase artificial “ ). Embora a sua utilização em quantidades reduzidas seja relativamente segura ( devido as normas existentes e controles de qualidade ), o seu uso excessivo deve ser claramente evitado.
- DECLARAÇÃO NUTRICIONAL
Esta informação significa a quantidade das seguintes rúbricas por cada 100 gramas de produto.
ENERGIA
LÍPIDOS ( Gorduras )
( separando os SATURADOS ) ( A )
HIDRATOS DE CARBONO
( separando os AÇÚCARES ) ( B )
PROTEÍNAS
FIBRAS ( caso existam )
SAL ( C )
Alguns alertas ( “ sinais vermelhos “ ) a que devemos estar particularmente atentos:
- LÍPIDOS SATURADOS: Representam as gorduras piores ( ou “ más gorduras “ ) e que mais contribuem para o entupimento de veias e artérias e para um maior risco potencial de doenças cardíacas. O seu valor num produto com qualidade deverá ser muito residual ( ou seja uma % mínima no valor global dos LÍPIDOS ).
- AÇÚCAR: Produtos com qualidade aceitável não devem possuir mais de 10 g de açúcar por cada 100 g.
O açúcar em excesso é uma das principais causas dos diabetes, uma das “ pragas do século XXI “, doença muito agressiva, que descontrolada e num grau muito avançado pode levar a consequências gravíssimas ( cegueira, amputação de membros, … ).
- SAL: Produtos com qualidade aceitável não devem possuir mais de 1 g de sal por cada 100 g.
O consumo diário de sal por pessoa não deve exceder 5 g embora a realidade em Portugal se traduza infelizmente num consumo médio diário de 10 g ( cerca do dobro ).
Deve ser efetuado um claro esforço para melhorar esta situação, seja por hábitos pessoais mais corretos seja por uma regulamentação mais apertada na conceção e produção dos diversos produtos alimentares. Isto apesar de sabermos, que para além do SAL, as questões do sistema nervoso têm um papel igualmente muito significativo nas doenças cardíacas.
- ALEGAÇÕES NUTRICIONAIS E DE SAÚDE
Alegações nutricionais são referências à existência de certos nutrientes ( ou ausência deles ) no sentido de reforçar, em termos de comunicação, a aplicabilidade e qualidade do produto.
Exemplos práticos:
“ Alto teor de fibras “
“ Não contém glúten “
“ Contém vitamina C “
Alegações de saúde são referências a situações de saúde, que pela utilização do produto, podem ser reforçadas ou melhoradas.
Exemplos práticos:
“ Reduz colesterol “
“ Fortalece os ossos “
Sobre esta questão das alegações nutricionais e de saúde, alguns aspetos importantes:
– Convém estar atento a estas observações que dão indicações importantes que (supostamente) foram alvo de validação científica;
– Valorizam naturalmente o produto e sua qualidade, embora também contemplem naturalmente uma componente de Marketing, pelo que toda a atenção é relevante.
- SISTEMA DE AVALIAÇÃO POR CORES
- VERDE / AMARELO / VERMELHO
- GORDURA ( LÍPIDOS ) / GORDURA SATURADA / AÇÚCARES / SAL
- POR CADA 100 G DE ALIMENTOS OU 100 ML DE BEBIDAS
Embora a embalagem do produto e as referências aí constantes transmitam, por vezes, a sensação de um produto saudável e de qualidade, a realidade por ser muito diferente.
Este sistema ajuda a clarificar dúvidas e transmite dados mais concretos e rigorosos sobre a sua real qualidade e aspetos “ críticos “ a evitar.
Preferencialmente VERDES ( evitar na medida do possível VERMELHOS ).
Conforme já referido na declaração nutricional, destacamos de novo:
SAL: 1 g, máx. por cada 100 g ( idealmente menos para chegar à barra VERDE )
AÇUCAR: 10 g. máx. por cada 100 g ( idealmente menos para chegar à barra VERDE )
E no essencial foi isto, tendo-se tratado de uma tarde de sábado muito interessante, produtiva e pedagógica.
Para além de informação ( ou conhecimento ) sistematizada, e que nem sempre está ao nosso alcance ( ou estando não a sabemos interpretar e aplicar devidamente ), foi a sensibilização e a metodologia prática que pudemos apreender que poderá ser muito útil na seleção criteriosa dos nossos alimentos e no impacto positivo na nossa saúde.
Isto caso seja essa a nossa opção. Ou caso não seja, termos pelo menos a consciência dos erros que estamos a cometer e a forma de os corrigir ou minimizar, quando assim entendermos e caso ainda tenhamos tempo para tal …
Cuide da sua saúde que é o nosso BEM mais precioso.