Feynman

Feynman

A história da ciência está repleta de descobertas fantásticas.

Mas estes momentos excepcionais e de quase “epifania” nem sempre coincidem com uma vida particularmente interessante do cientista. Muitos percursos de vida são apenas notas de rodapé quando comparados com os seus trabalhos. Mas há momentos em que o cientista tem uma biografia fascinante. Um desses exemplos é o físico Richard Feynman (1918-1988). Ele foi uma das maiores mentes do séc. XX e resolveu variados problemas da Física.

Mas Feynman foi muito mais do que isto: era um comunicador de ciência excepcional. Tornava simples conceitos intricados. O que constitui um exercício bem mais difícil e raro do que parece. Para além de ensinar como se pensa em física ele transmitia muito bem o que é a ciência. Feynman era também um prodigioso contador de histórias que resultam da sua repleta vida. Tocou samba no Rio de Janeiro, esteve em Los Alamos na construção da primeira bomba atómica e ajudou a descobrir a causa para a tragédia do vaivém Challenger.

Há um relato particularmente inspirador para os nossos estudantes e eventuais futuros cientistas. A dada altura da sua vida o processo de investigação deixou de lhe dar gozo. Na verdade, ele descreve que estava a começar a ficar “esgotado”. Foi então que Feynman decidiu simplesmente divertir-se com a física sem pensar em metas e sem se preocupar se era importante. Num dia banal ele estava na cantina da universidade quando alguém atirou um prato ao ar, colocando-o também a girar. O físico começou por perguntar “porque razão o prato gira mais lentamente do que oscila?”. Como não tinha nada melhor para fazer ele começou a tentar decifrar o movimento do prato rotativo. Descobriu que havia uma proporção de duas oscilações por uma rotação. Essa procura do “porquê” levou-o a escrever e resolver equações de oscilações. E, por sua vez, essa linguagem matemática levou-o a pensar como seriam as órbitas dos electrões na teoria da relatividade. O que o levou a regressar à electrodinâmica. Caminho esse que teria como destino o Prémio Nobel da física, em 1965, por causa do seu contributo para a eletrodinâmica quântica.

Para o leitor que quiser saber mais sobre Richard Feynman recomendo como primeiro livro a recente novela gráfica viva e colorida, intitulada “Feynman”, escrita por Jim Ottaviaini e brilhantemente ilustrada por Leland Myrick.

Luís Monteiro

Colaboração com Apimprensa

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