A Saída do dr. Passos Coelho
O afastamento do dr. Passos Coelho após a derrota nas eleições de 1 de outubro abriu uma crise de sucessão e de liderança no PSD
Não me compete pronunciar-me sobre as escolhas partidárias internas do PSD que só a ele dizem respeito, Mas como cidadão, tenho uma palavra a dizer sobre o que ainda é um dos partidos âncora da democracia portuguesa
Ora a verdadeira crise do PSD não é de liderança mas sim de caminho.
O abandono da linha da social democracia, definida por Sá Carneiro, e a sua troca pelo neo liberalismo de Durão, Santana e Passos Coelho é a fonte da crise do PSD que já tem quase quinze anos.
O abandono da linha da social democracia, definida por Sá Carneiro, e a sua troca pelo neo liberalismo de Durão, Santana e Passos Coelho é a fonte da crise do PSD que já tem quase quinze anos.
Desde então, desde que abandonou a social democracia e passou para o neo-liberalismo, o PSD está focado em acidentes de liderança.
Com a saída do dr. Passos Coelho, a liderança até poderá piorar com dirigentes como Luís Montenegro, Rui Rio ou Paulo Rangel.
O que não vai melhorar é a linha de atitudes, princípios, doutrina, e programa que dão alma a uma organização e chamam adeptos.
Nesta saída de Passos Coelho, há um elemento trágico.
Foi ele que afirmou há quatro anos ” Que se lixem as eleições!” em nome das imposições da Troika que acabou por não cumprir.
Agora sai de cena.
Sai com dignidade, sem alaridos, fruto de uma reflexão sóbria, após péssimas escolhas eleitorais; e sai também ser tido a visão de, antes de sair, iniciar um debate sobre o caminho a seguir pelo seu PSD. É a diferença entre ser político e ser estadista.
Como político, o dr. Passos Coelho estava errado na austeridade dirigida contra os salários e pensões da classe média em vez da austeridade dirigida para cortar despesas da máquina do estado como a Troika recomendava
Contudo, honra lhe seja, o dr, Passos Coelho pertence à classe dos políticos honrados.
E isso é dizer muito num país que ainda não julgou muitos outros ex-políticos do seu partido e do PS por atos danosos praticados na gestão da coisa pública
* Mendo Castro Henriques, Colunista do Jornal de Oleiros