Uma nova reforma agrária, por Maria Alda Barata Salgueiro

Uma nova reforma agrária                            

Foi anunciado pela ministra da Agricultura, Assunção Cristas, que o seu ministério deseja lançar um plano de expropriação de terras abandonadas para serem integradas numa bolsa de propriedades disponíveis para o cultivo. Justificou que é preciso identificar o que não tem dono, e o que não tem dono passa a pertencer ao Estado.

 

Esta  diretiva  seria  bastante  mais  eficaz  se  abrangesse,  também ,  os artigos urbanos,  isto é, as inúmeras casas  abandonadas  por essas   pequenas  aldeias ,  as quais fizeram , outrora,  parte  do património rural,  típico,  das regiões onde se inserem.

Face à conjuntura atual, uma recuperação criteriosa traria mais valias para a região, não só em termos paisagísticos como em receitas fiscais e, principalmente, em valorização humana.

Já que o Estado deseja criar bolsas de propriedades para fixar jovens agricultores, seria muito animador para um jovem casal adquirir uma habitação, do seu agrado, onde pensa construir a sua nova  perspectiva  de  vida.  Refiro-me, sobretudo, às casas de xisto que são procuradas por muita gente mas, que por vezes, se tornam inegociáveis. A razão é: Ou não se conhece o proprietário, ou então existem vários proprietários -herdeiros desavindos – que não se entendem e, por despeito ou vingança, preferem abandonar as casas à mercê do destino, acabando abafadas pelo silvedo à espera da derrocada final, pondo em risco as propriedades contíguas e, em algumas delas, o acesso à via pública.

Ao implementar mais esta medida, o Ministério da Agricultura “matava dois coelhos de uma só cajadada”, e o País só ficava a ganhar!

 Que as nossas aldeias voltem a ter Alma!

* Maria Alda Barata Salgueiro

Maria Alda Barata Salgueiro

Trata-se,   sem   dúvida,  de uma  medida  arrojada  e inteligente  por parte dos actuais responsáveis pelo Ministério da Agricultura que, finalmente,  perceberam  que para se conseguir  criar  riqueza no setor primário,  é  obrigatório começar por resolver os problemas de fundo das nossas áreas rurais – o crescente  abandono das  terras agrícolas,  provocado pela emigração constante e prolongada .

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